Jean Michel Jarre

30 anos depois do lançamento do clássico Oxygène, alvo de uma regravação integral, e devidamente acompanhado de um DVD inovador filmado em HD e 3D, Live In Your Living Room. Jarre habitualmente só actua ao ar livre para milhões de pessoas, em lugares históricos à volta do mundo.

O facto de ter escolhido os Coliseus de Lisboa e Porto (a 25 e 27 de Abril de 2008, respectivamente) para apresentar o espectáculo completo do Oxygène está directamente relacionado com a intimidade que o músico deseja alcançar, como se recebesse a audiência na sua sala de estar.

Jean Michel Jarre nasceu em Lyon, França, em 1948. Fez o ensino clássico de música, depois passou por grupos rock, e através de um amigo de liceu entrou num grupo relacionado à televisão francesa, dirigido por Pierre Schaeffer, inventor da música concreta. Em 1972, Jarre iniciou-se como freelancer, produzindo outros artistas, criou jingles comerciais e lançou singles, como Pop Corn e Zig Zag Dance.

Conheceu Francis Dreyfus e com ele compôs e gravou várias música para uma companhia de filmes americanos, que usam a música para banda sonora do filme Desert Palace.

Em 1976, Jarre colocou a casa do avesso para gravar Oxygène, transformando a cozinha numa espécie de estúdio de gravação. Totalmente instrumental e sintetizado, o disco obteve um sucesso enorme em França.

Em 1979 deu entrada pela primeira vez no Guinness Book, com o feito de ter reunido um milhão de pessoas na assistência do seu concerto em Paris. Em 1986, Jean Michel Jarre realizou um memorável concerto intitulado Rendez-Vous Houston, espectáculo que lhe concedeu a segunda entrada no Guinness com 1,3 milhões de pessoas a acamparem durante horas para assistir ao grande concerto e ouvir em primeira mão o novo álbum Rendez-Vous.

Ainda em 1986, para marcar o regresso ao seu país, Jarre realizou outro grande concerto, agora em Lyon, a sua cidade natal, em homenagem à visita do Papa João Paulo II à cidade. A 14 de Julho de 1990, Jarre produziu e apresentou o seu concerto mais espectacular em Paris, no La Défense, superando o seu recorde de audiência ao vivo, com uma actuação perante 2,5 milhões de pessoas.

Sete anos depois, com um grande concerto em Moscovo para uma assistência de 3,5 milhões de pessoas, leva-o a conquistar, pela terceira vez, uma entrada no Guinness Book.

Para além do seu compromisso e acção para a UNESCO na protecção do meio ambiente, em 2006, Jarre concebeu a performance Water Live, ao vivo no deserto do Sahara, de modo a chamar a atenção dos media para um dos problemas mais graves do planeta: a escassez de água para beber – uma criança morre a cada 20 segundos devido à falta da água potável.

Em 1977 chegava ao mercado um dos mais inovadores registos de que a música electrónica tem memória: “Oxygène”. Era o primeiro álbum de Jean Michel Jarre. Embalado pelo 30.º aniversário do registo, lançou-se na digressão e trouxe pela primeira vez a Portugal a 25 de Abril no Coliseu de Lisboa e a 27 no do Porto.

A ocasião foi singular. Primeiro, pela estreia entre nós de um músico francês que se deu a conhecer com uma visão vanguardista da música (até na gravação do álbum foi pioneiro: realizou-a no próprio apartamento) e que colocou o seu nome entre os mais reconhecidos a nível mundial (80 milhões de discos vendidos). 

Segundo, porque essa visão veio sempre acompanhada de uma quase obsessiva atenção aos pormenores e à necessidade de criar impacto através de grandiosas produções ao vivo (viva o laser, a pirotecnia, o ecrã panorâmico). 

Terceiro, porque Jean Michel Jarre tem preferência por actuações em recintos ao ar livre, perante largos milhares de espectadores (às vezes, milhões – ver livro de recordes Guinness), o que torna os espectáculos nos coliseus ocasiões raras. “A razão por que quis apresentar ´Oxygène´, que nunca toquei em concerto na sua totalidade, foi a partilha dessa experiência em locais diferentes, onde houvesse maior proximidade com o público”, explicou à BBC. 

Finalmente, porque estava em causa a recriação de um momento histórico como “Oxygène”. Mesmo quem acha que parte do encanto de Jarre foi entretanto engolido pelo tempo, não nega a importância nem a imortalidade da obra-prima do homem que continua a dizer que “a diferença entre o barulho e a música está na mão do músico”.